sexta-feira, 30 de março de 2012

Será que o beijo na boca é coisa do passado? (Matéria da LOLA).

Como já é de praxe, no final de cada mês posto alguma entrevista ou matéria da LOLA com a qual tenha me identificado ou achado interessante.

Esse mês vou transcrever alguns trechos de uma reportagem, que teve um grande espaço na edição de março, sobre o beijo. O mais interessante é como a autora da matéria conseguiu perceber uma mudança nossa em relação a intimidade. Ótima matéria por sinal!

Seguindo:



"O beijo cinematográfico de Burt Lancaster e Deborah Kerr rolando abraçados no quebrar das ondas de uma praia no Havaí, gerou um escândalo em 1953. Aqui em 2012, o beijo é exposto em um programa de TV , e um funkeiro - acho que é um funkeiro - canta: 'Beijo na boca é coisa do passado'. Mudou o beijo? Não. Mudamos nós.

(...)

Hoje jovens se beijam longamente. Se beijam, como sempre se beijaram, quando se amam. Se beijam mais modernamente no tal programa de TV, apenas  para aparecer, e como teste para ver e o parceiro vale uma saída. Ou se beijam nas festas e baladas, uma espécie de maratona labial em que o que vale não é a qualidade, mas a quantidade e a diversidade de parceiros.

(...)

E dizer que o beijo na boca já foi um ato extremamente íntimo. Tão íntimo que se revestia em sacralidade. As prostitutas - e não só as retratadas por Nelson Rodrigues - nada negavam ao cliente, menos o beijo na boca, que conservavam só seu, como uma virgindade, para dar ao homem amado.

(...)

Nossa relação com o o beijo mudou. E mudou justamente, porque mudou nossa relação com a intimidade.
Saímos do íntimo, ou privado, para o público. Não há quem não conheça a famosa frase: 'O que os outros vão dizer!?'. Pois se antes ela revelava o medo da opinião de vizinhos, parentes, do síndico do prédio ou dos sócios do clube, pronuncia-se agora carregada de expectativa positiva. O que os outros vão dizer do meu blog? o que os outros vão dizer deste post? o que os outros vão dizer do meu nome no jornal? Para o bem ou para o mal, nossa cultura saiu à caça da opinião pública. Ser falado - situação antes temida - tornou-se sinônimo de vitória.

Do mesmo modo, saímos do pessoal para o coletivo.

(...)

Por que, então, não coletivizar o beijo?
(...)
Se o beijo da TV e das baladas é o que mais se vê, o beijo de amor, o beijo na boca apaixonado, aquele tão intenso e preciso que o casal não quer compartilha-lo com ninguém, continua tão indispensável e presente como sempre foi."

Bom final de semana gente!

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